Relações horizontais são, na minha definição, um tipo de relação em que não há jogo de poder envolvido. A prática da psicologia social comunitária, por exemplo, por vezes enfatiza a necessidade de estabelecer uma relação horizontal entre profissional-cliente através de debates, reflexões e conscientização. A palavra chave para a psicologia social comunitária, ao (pouco) que pude entender, em relação a se estabelescer relações horizontais é troca.
Troca, entretanto, envolve alguém que fala e outro que ouve; concordando ou discordando do que falava, o que antes ouvia tende a replica. Muito bem, existe durante esta relação não uma horizontalidade, mas uma sutil verticalidade – o que fala, expõe-se, é ativo; e o que ouve é passivo em relação ao que fala e ao conteúdo da fala. Mesmo quando a se discorde daquele que falou, e portanto o passivo passa a assumir atividade, a verticalidade só inverteu seu polo. Em um grupo de psicologia comunitária, por exemplo, aquele que discorda da maioria tenderia ou a se juntar a maioria (conformação social) ou a ser excluído; nos dois casos há dominação da maioria. Em nada isso difere, a não ser em termos de quantidade abrangente, da questão da homossexualidade, transexualidade ou questões étnicas, pois estes, sendo minoria são passivos em relação às decisões de poder majoritário.
Posso estar enganado, mas não consigo encontrar horizontalidade nas relações sociais. Nem consigo imaginar uma sociedade com ela.